quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Anorexia

Anorécticas são pessoas que sofrem de Anorexia nervosa. As anorécticas, muitas vezes, unem-se em grupos para se apoiarem umas às outras e não deixarem nenhuma do grupo comer, ou quebrar o ciclo vicioso da anorexia. Elas denominam-se de Ana. Essas pessoas também podem contrair a Bulimia.

O que é

Essencialmente, é o comportamento persistente que uma pessoa apresenta em manter o seu peso corporal abaixo dos níveis esperados para a sua estatura, juntamente a uma percepção distorcida quanto ao seu próprio corpo, que leva o paciente a ver-se como "gordo". Apesar de as pessoas em volta notarem que o paciente está abaixo do peso, que está magro ou muito magro, o paciente insiste em negar, em emagrecer e perder mais peso. O funcionamento mental de uma forma geral está preservado, excepto quanto à imagem que tem de si mesmo e ao comportamento irracional de emagrecimento.

O paciente anoréctico costuma usar meios pouco usuais para emagrecer. Além da dieta, é capaz de submeter-se a exercícios físicos intensos, induzir o vómito, jejuar, tomar diuréticos e usar laxantes.

Aos olhos de quem não conhece o problema é estranho como alguém "normal" pode considerar-se acima do peso estando muito abaixo. Não há explicação para o fenómeno, mas deve ser levado muito a sério pois 10% dos casos que requerem internamento para tratamento (em hospital geral) morrem por inanição, suicídio ou desequilíbrio dos componentes sanguíneos.

Como é o paciente com anorexia

O paciente anoréctico só se destaca pelo seu baixo peso. Isto significa que no seu próprio ambiente as pessoas não notam que um determinado colega está doente, pelo seu comportamento. Mas se forem juntos ao restaurante ficará evidente que algo está errado. O paciente com anorexia não considera o seu comportamento errado, até se recusa a ir ao especialista ou tomar medicações. Como não se considera doente é capaz de falar desembaraçadamente e convictamente para os amigos, colegas e familiares que deve perder peso apesar da sua magreza.

No início, as pessoas podem até achar que é uma brincadeira, mas a contínua perda de peso apesar da insistência dos outros em convencer o paciente do contrário, faz soar o alarme. Aí os familiares assustam-se e recorrem ao profissional da saúde mental.

Os pacientes com anorexia podem desenvolver um paladar estranho ou estabelecer rituais para a alimentação. Algumas vezes podem ser apanhados a comer às escondidas. Isto não invalida necessariamente o diagnóstico, embora seja uma atitude suspeita.

Depois de recuperado, o próprio paciente, já com o seu peso restabelecido e com a recordação de tudo que se passou, não sabe explicar, porque insistia em perder peso. Na maioria das vezes, prefere não tocar no assunto, mas o facto é que nem ele mesmo concorda com a conduta insistente de emagrecer. Essa constatação, no entanto, não garante que o episódio não volte a acontecer.

Depois de recuperados, esses pacientes retornam a sua rotina podendo inclusive ficar acima do peso.

Há dois tipos de pacientes com anorexia. Aqueles que restringem a alimentação e emagrecem e aqueles que têm episódios denominados binge. Nesses episódios, os pacientes comem descontroladamente até não aguentarem mais e depois vomitam o que comeram. Às vezes, a quantidade ingerida foi tão grande que nem é necessário induzir o próprio vómito: o próprio corpo se encarrega de eliminar o conteúdo gástrico. Há casos raros de pacientes que rompem o estômago de tanto comerem.

Qual o percurso dessa patologia

A idade média em que surge o problema são os 17 anos. Encontramos muitos primeiros episódios entre os 14 e os 18 anos. Dificilmente, começa depois dos 40 anos. Muitas vezes eventos negativos da vida da pessoa desencadeiam a anorexia, como perda de emprego, mudança de cidade, etc. Não podemos afirmar que os eventos negativos causem a doença, no máximo só podemos dizer que o precipitam. Muitos pacientes têm apenas um único episódio de anorexia na vida, outros apresentam mais do que isso.

Não temos, por enquanto, meios de saber se o problema voltará ou não para cada paciente: a sua reincidência é imprevisível. Alguns podem passar anos em anorexia, numa forma que não seja incompatível com a vida, mas também sem restabelecer o peso ideal. Mantendo-se inclusive a auto-imagem distorcida. O internamento para a reposição de nutrientes é recomendada quando os pacientes atingem um nível crítico de risco para a própria saúde.


Sobre quem a anorexia costuma incidir

As mulheres são largamente mais atingidas pela anorexia, entre 90 e 95% dos casos são mulheres. A faixa etária mais comum é a dos adultos jovens e adolescentes podendo atingir até a infância, o que é bem menos comum. A anorexia é especialmente mais grave na fase de crescimento, porque pode comprometer o ganho esperado para a pessoa, resultando numa estatura menor do que a que seria alcançada caso não houvesse anorexia. Na fase de crescimento há uma necessidade maior de ganho calórico: se isso não é obtido a pessoa cresce menos do que cresceria com a alimentação normal.

Caso o episódio dure poucos meses o crescimento pode ser compensado. Sendo muito prolongado impedirá o alcance da altura geneticamente determinada. Na população geral a anorexia atinge aproximadamente 0,5%, mas suspeita-se que nos últimos anos o número de casos de anorexia venha a aumentar. Ainda é cedo para se afirmar que isto se deva ao modelo de mulher magra como o mais atraente, divulgado pelos meios de comunicação social, esta hipótese está a ser extensivamente pesquisada. Para se confirmar se a incidência está a crescer são necessários anos de estudo e acompanhamento da incidência, o que significa um procedimento caro e demorado.

Só depois de se confirmar que o índice de anorexia está a aumentar é que se poderá pesquisar as possíveis causas envolvidas. Até bem pouco tempo acreditava-se que a anorexia acontecia mais nas sociedades industrializadas. Na verdade houve falta de estudos nas sociedades em desenvolvimento. Os primeiros estudos nesse sentido começaram a ser feitos recentemente e constatou-se que a anorexia está presente também nas populações desfavorecidas e isoladas das propagandas do corpo magro.

Tratamento

O tratamento da anorexia continua a ser difícil. Não há medicamentos específicos que restabeleçam a correcta percepção da imagem corporal ou desejo de perder peso. Por enquanto, as medicações têm sido paliativas. As mais recomendadas são os anti-depressivos tricíclicos (possuem como efeito colateral o ganho de peso).

Os anti-depressivos inibidores da receptação da serotonina (hormona do humor) têm sido estudados, mas devem ser usados com cuidado uma vez que podem contribuir com a redução do apetite. É bom ressaltar que os pacientes com anorexia têm o apetite normal, ou seja, sentem a mesma fome que qualquer pessoa. O problema é que apesar da fome se recusam a comer.
As psicoterapias podem e devem ser usadas, tanto individuais como em grupo, ou em família, essa indicação dependerá do profissional responsável.

Por enquanto, não há uma técnica especialmente eficaz. Forçar a alimentação não deve ser feito de forma rotineira. Só quando o nível de desnutrição é ameaçador. Forçar alimentação significa internar o paciente e fornecer alimentos líquidos através de sonda naso-gástrica. Geralmente, quando se chega a isso torna-se necessário também amarrar o paciente na cama para que ele não retire a sonda.

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